Por Emilio Botta — Barueri, SP
12/01/2018 07h45 Atualizado há um ano
O ex-árbitro Rodrigo Braghetto agora exerce a função de diretor das categorias de base do Oeste, time que disputa a Série B do Campeonato Brasileiro. Após deixar a carreira na arbitragem em 2013, ele se especializou em gestão do futebol e ingressou no meio, algo quase impensável tamanho são as polêmicas envolvendo a relação entre arbitragem e os times de futebol.
Aos 42 anos, o ex-árbitro quebrou qualquer tabu envolvendo os dois lados do futebol. Mesmo quando era juiz, o grande sonho era poder trabalhar na gestão de um time.
– Agora defendo a camisa do Oeste, cuidando das categorias de base em uma experiência nova, algo que sempre quis. Enquanto apitei futebol, fui me preparando para isso. Fiz administração de empresas, depois fiz educação física, especialização de futebol e hoje eu estou podendo exercer a funçap. Às vezes tenho saudade de apitar, mas estou muito feliz no que faço – disse.
Rodrigo Braghetto foi árbitro da Federação Paulista de Futebol (FPF) por por 16 anos, além de outros 14 anos entre os principais nomes do quadro da CBF. Porém, a carreira foi interrompida após um escândalo que o afastou de uma final do Campeonato Paulista.
– Uma data que não tenho como esquecer: 17 de maio de 2013. Eu ia apitar a final no dia 19 de maio e aí tudo que aconteceu. Por ter como cliente da minha empresa o Corinthians, resolveram me tirar do jogo – relembra.
Braghetto é proprietário de uma empresa que apita torneios internos em clubes, tendo clientes como Corinthians, São Paulo, Santos, entre outros. A suspensão da decisão do estadual de 2013 motivou o fim da carreira do árbitro, que viu o caminho aberto para se dedicar de uma vez ao futebol, mas atuando na área da gestão.
A traumática aposentadoria quase levou Rodrigo Braghetto a pensar em acabar com a própria vida. Depressivo, o ex-árbitro demorou para assimilar a saída dos gramados.
– Eu que decidi encerrar minha carreira. Mas os meses que sucederam a falta da arbitragem foram bem difíceis na minha vida. Fiquei depressivo, claro, quando a gente fala em tentar suicídio é porque a depressão pode levar a isso, mas graças a Deus continuei trabalhando com o futebol. Hoje tenho até vergonha em falar, que por um momento eu tentei alguma coisa ruim por causa dessa parada, mas graças a Deus já superado – revela Rodrigo Braghetto.
A parceria com o Oeste para comandar as categorias surgiu por acaso. Sem um estádio na com capacidade para receber jogos na cidade de São Roque, local onde Braghetto mantinha um projeto com jovens jogadores, a estrutura oferecida por Barueri em junção com a camisa do Oeste - time da Série B do Brasileiro -, deram ao ex-árbitro a oportunidade que desejava para exercer a função de gestor das categorias de base um clube.
– Vou com a minha integridade, a imparcialidade que sempre tive como juiz de futebol para tentar ajudar esses meninos. A gente sabe que é um meio difícil, alguns clubes têm algumas coisas que nem sempre são tão profissionais, mas aqui no Oeste não – disse.
O pulso firme como árbitro dentro de campo agora também é utilizado para controlar os ânimos dos garotos que sonham com uma oportunidade no futebol profissional.
– Como árbitro, sempre privei pela correção. Claro que cometi erros, equívocos no jogo contra os clubes grandes. Acertei bastante também, mas é bacana porque as pessoas não estão acostumadas. O bacana é que a regra pra eles é clara. O cartão vermelho se precisar rola no alojamento e no treinamento. Então como a disciplina impera para garotada, tenho usado muito essa imagem como ex-árbitro dentro do campo de futebol.
Sob comando de Rodrigo Braghetto, o Oeste acabou eliminado na primeira fase da atual edição da Copa São Paulo de Futebol Júnior. No Grupo 21, o time de Barueri somou quatro pontos e ficou atrás de Aimoré e Flamengo, respectivamente.